No sábado 2/2, houve a renovação das duas Casas Legislativas, com a posse dos novos deputados e senadores eleitos no ano passado. A maior desde a redemocratização em 1980, segundo especialistas em análise Política.
Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM), foi reeleito e assumiu novamente a cadeira, com 334 votos; 77 a mais do que o necessário, o deputado vai comandar a Casa por mais dois anos.
No Senado, Davi Alcolumbre, senador do DEM, ex deputado federal por três vezes, tendo sido Vereador de Macapá, assumiu o comando por mais dois anos, também.
Mas, se por um lado houve a satisfação popular, em função da saída de políticos envolvidos com escândalos e enriquecimento ilícito, em contrapartida, muitos parlamentares não conseguiram se livrar da imagem de estarem ligados ao passado. Com isso, o Parlamento perdeu muitas pessoas experientes no processo de negociação na aprovação de projetos importantes para o país.
A Câmara foi reformulada com 251 novos deputados e 244 reeleitos Outros 18 que entram não estão na legislatura que se encerra, mas tampouco são novatos: já tiveram mandato anteriormente. Um detalhe importante é que, dos reeleitos, 102 começaram o segundo mandato na última sexta-feira. Estão, portanto, longe de ser parlamentares com muita experiência. Os deputados com mais de cinco mandatos se limitam a 53, pouco mais de 10% da casa.
Na Câmara, a aposta é de que a Comissão de Justiça e Cidadania fique com o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, cujos integrantes apoiaram Rodrigo Maia (DEM-RJ) na reeleição para a Presidência.
Segundo o Diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Análise Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, a polarização foi um fator decisivo para a renovação na Câmara e no Senado.
Segundo Queiroz, a relação entre a sociedade e as decisões que o novo Congresso vier a aprovar ainda é algo desconhecido, que não pode ser previsto.
"A eleição trouxe maior diversidade ao Parlamento, com mais negros, índios e mulheres. Por outro lado, alguns grupos ganharam representação maior da sociedade como um todo, incluindo lideranças evangélicas, militares, policiais, celebridades e parentes de políticos. Eles tendem a aprovar uma pauta mais conservadora”, explica. “Impedir que ocorram retrocessos de fato nos direitos dos brasileiros é algo que vai depender da imprensa, do Judiciário e de organismos internacionais”, defende.
A dinâmica do Congresso vai depender, na avaliação de Queiroz, da atuação de três núcleos do governo: o econômico, o jurídico e o de costumes. “O que importa mais ao governo realmente é aprovar as medidas do primeiro. Os demais vão entrar para desviar a atenção da discussão das medidas econômicas, de cunho liberal fundamentalista”, argumenta
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